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Por Eliseu da Silva Souza*
Normalmente após a publicação dos resultados de exames e provas relacionadas ao processo educacional, estes têm causado muito desconforto e uma certeza: Precisamos melhorar os índices, no entanto, dependendo da manipulação dos dados, os índices podem subir ou descer e ainda assim a educação permanecer a mesma, por isso, ao invés de melhorar os índices, precisamos melhorar mesmo é a educação, com investimento e projeto de nação.
A educação pública tem um arcabouço muito bonito, importante e promissor, mas talvez desconhecido, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os Planos de Educação: nacional, estadual e municipal, que também são leis. Cada escola tem o seu Projeto Político Pedagógico - PPP, construído com a ampla participação da comunidade, o Conselho Escolar é um instrumento de auxílio à gestão e à comunidade escolar, assim como o Grêmio Estudantil, espaço para discussões e deliberações em prol da educação.
É preciso destacar que não se pode pensar em educação de qualidade sem cumprir o calendário letivo e a carga horária, tempo para aprender na escola com acompanhamento. Muito se discute ou se denuncia que estudantes ao final do ensino fundamental não sabem ler e/ou calcular. Sem querer trazer a Pedagogia da Culpa, precisamos analisar o tempo dedicado às atividades nas escolas. Saídas mais cedo dos estudantes para reuniões dos professores ou entrega de boletins, pontos facultativos que mais parecem feriados, dias imprensados que não são repostos, programações que não entram no calendário e as aulas são suspensas.
Neste sentido, é evidente que precisamos de tempo para desenvolver as atividades em sala de aula, mas também para o planejamento dos professores, de preferência, mensal, para avaliar o trabalho desenvolvido e projetar as novas atividades, redimensionar o que estava proposto e discutir alternativas para o melhoramento da educação escolar no âmbito de cada estabelecimento.
É verdade que o conjunto de ações nos remete à necessidade da condição de acesso, permanência dos estudantes às escolas, com igualdade no sentido de possibilitar a todos e todas com suas especificidades para desenvolvimento pleno da educação, por isso o transporte do escolar, alimentação, livro didático, material escolar e outros elementos são necessários, mesmo que muitos reclamem que é mordomia dos novos tempos, eu respondo: é Direito!
Mas a educação escolar não acontece sozinha, precisa do envolvimento dos pais e responsáveis na vida escolar, não basta entregar um celular na mão do filho, precisa acompanhar as atividades da escola, questionar, sugerir, colaborar. Não adianta apenas o susto do boletim de notas, os docentes não conseguem fazer tudo sozinhos, embora muitos pais digam que os docentes ganham para ensinar, mas abandonar a educação dos filhos é também ilegal e os docentes não podem assumir atividades dos pais e/ou responsáveis.
Como último ponto desta análise, precisamos discutir a estrutura das escolas, muitas não têm bibliotecas, as que têm, algumas foram transformadas em depósito, nas que sobraram, estudantes não podem emprestar os livros para não estragar o acervo, o refeitório é quase sempre improvisado, faltam banheiros, lugar para a prática esportiva, por isso não é o PISA que precisa ser melhorado, mas a educação brasileira.
* Professor da Universidade do Estado do Amazonas - UEA atuando na área de Educação, com ênfase em Políticas Públicas e Educação; Legislação do Ensino Básico; História, Política e Organização da Educação Básica; Currículo do Ensino Básico e Teoria e Prática da Organização do Trabalho Pedagógico e Gestão Escolar.
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