Crise climática pode fazer população do AM migrar, prever analista ambiental

 (Foto: Bruno Kelly/A Crítica/Agência Estado)

Enfrentando uma seca histórica, o estado do Amazonas registrou mais de 200 queimadas em um único dia. Os números são resultados de um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe. O estado Amazonas está encoberto por uma onda de fumaça causada pelo incêndio. Diversas cidades enfrentam, ainda, uma severa estiagem.  

A analista Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental, Juliana Hadler, avalia como a região conseguiu chegar a um cenário de emergencia climática e que agrava o proprio fenomeno El Niño.

"Essa é uma situação muitíssimo grave. Os pesquisadores vêm chamando atenção é que o clima, por exemplo, na região do Rio Negro, sofre uma influência muito forte das massas de ar que vem do Oceano Atlântico que, por sua vez, e o Oceano Atlântico, chegou a apresentar um aquecimento de 4 °C, o maior que já foi registrado. Então, essas massas de ar estão sofrendo uma grande interferência desse aquecimento do oceano. Com isso, é possível dizer e fazer uma relação com essa forte estiagem e a questão da emergência climática".

Por outro lado, podemos dizer que estamos vivendo uma emergência ambiental em razão de outros fatores que colaboram para esse cenário, como o aumento do desmatamento por anos consecutivos. 

Na primeira quinzena de outubro foram mais de 2.929 focos de incêndio no Amazonas, o que significa 93% a mais que a média histórica para o mês todo. De acordo com Juliana Hadler, o estado do Amazonas vive uma situação muito grave por conta do desmatamento.

"A gente tem o sul do estado do Amazonas ainda sofrendo um processo muito grande de desmatamento que deixou a cidade de Manaus vários dias imersa numa nuvem de fumaça. Manaus chegou a ser indicada como o segundo pior lugar do mundo para se respirar no planeta. Então você tem essa interferência da emergência climática potencializando o El Nino, e você tem, por outro lado, também, uma piora na situação ambiental, que acaba colaborando também com a situação climática".

Para a analista do Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental, o Brasil tem que trabalhar numa perspectiva de prevenção, de adaptação dos municípios para a situação climática e, também, de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. 

Juliana prever que, se os governos municipal, estadual e federal não planejarem uma ação de prevenção, adaptação e mitigação climática, a população deve iniciar nos próximos anos um processo de migração entre estados, ou entre municípios.

"Quando um município é  altamente afetado pela seca ou por uma grande cheia, as pessoas podem perder o seu meio de subsistência e não tem mais um ambiente onde elas possam ter a sua agricultura e o seu meio de vida, muitas vezes elas vão ter que sair desses locais, então com certeza para os próximos anos o desafio principal dos governos, seja municipal, estadual, federal, é ter seus planos relacionados à questão climática".


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